sexta-feira, 24 de abril de 2009

Calçada


E enquanto as palavras me vão saindo, vou escrevendo nesse doce piano. E vou divagando pelas ruas soltando as palavras para que as pedras da calçada me ouçam, e todas se erguem, e me respondem em uníssono e imploram por mais uma palavra, uma única palavra...
E eu digo: Tu!
O silencio da noite vem, e acordo na manhã seguinte deitado na calçada.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Na rua

Um dia ia na rua, e comecei a pensar em ti. Porquê? Muito honestamente não sei, mas senti a tua falta.
E então continuei a pensar pela rua a fora, e perguntei em voz alta: Ele ainda existe?
E vindo de algures ouvi uma voz, e disse-me, "Sim, ele existe, e sente a tua falta!"
Procurei em todo lado e não conseguia ver ninguém que estivesse a falar comigo. Ia começar a andar quando olho para baixo, e vejo um rato! (Sim, um rato, essas coisas nojentas)
E eu então baixei-me lá na rua e perguntei-lhe, evidentemente, "Foste tu que falas-te?"
E o ratinho, um pouco a medo por estar a falar comigo, disse-me que sim.
E eu perguntei-lhe como é que ele sabia dele. Seguidamente respondeu sem medo e muito convicto, que ele seguia-me todos os dias, para onde quer que fosse, porque ele jamais te queria ter deixado para trás.
Olhei para trás, e ninguém estava. Voltei a olhar para o ratinho, mas ele já lá não estava.
E de ti, nunca mais soube de nada...

Pedra Fria


Enquanto as notas vão esvoaçando desse piano, cada palavra vai surgindo da melodia que é a vida.
Vamos então caminhando por essa canção, escrevinhando e desenhando e encontrando o nosso ritmo, ritmo esse que nos faz viver e faz correr o sangue das nossas veias, louca e intensamente.
Então nós abrandamos, inspiramos, expiramos, e seguimos agora o caminho com mais calma, os obstáculos estão no nosso caminho, mas nós temos de os ultrapassar, há que vingar nesta vida que é nossa.
Amigos vêm, amigos vão. E nós ali ficamos, de pé, com as lágrimas a correr, a olhar o horizonte enquanto eles partem, sem nos acenar, sem um único adeus. Simplesmente abandonaram-nos, e não conseguimos reagir, nem sequer sabemos como reagir. Eram todo o nosso apoio, eram a nossa a vida. E agora? Vamos ter de continuar sem eles? Isso é possível?
Decidimos então dar mais um passo, mas os pés pesam imenso, o chão é como que se desvanecesse da nossa vista, e deixamo-nos cair na pedra dura e fria, à espera que um dia eles voltem, e nos ajudem.
E se voltarem, já estaremos mortos...

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Gostas de mim


Uma vez decidi perguntar-te, "Porque é que gostas de mim?"
E tu sorriste e disseste-me:
"Gosto de ti porque dizes o que sentes. Porque me aceitas como eu sou. Porque não vais abaixo com pouco nem com muito.. Vais quando tens de ir.
Estás lá quando preciso. Não me exiges. Vives a vida, não vês de fora. Sei lá. Gosto de ti porque és tu."
E aí então somente sorri e beijei os teus lábios mais uma vez nessa noite de luar quente.